O cultivo de encantamento como pilar das relações organizacionais pode gerar multiplicadores espontâneos de valores e reputações
Recentemente, o diretor do conselho de administração da WEG, comentou em uma palestra sobre a importância de cuidar e manter a cultura empresarial de forma a engajar os funcionários – ou melhor, mais do que isso, fazer esforço para que eles se apaixonem pela empresa, o que aumenta a sua produtividade e consequentemente as oportunidades de crescimento empresarial.
Mas há outro aspecto envolvido em promover o encantamento das equipes de trabalho pela empresa. Além de produtivos, empregados engajados, satisfeitos e felizes têm o dom de elogiar o local de trabalho espontaneamente, levando uma voz autorizada e de imenso poder redes sociais afora.
Claro que o contrário também é verdadeiro e funcionários infelizes podem se transformar em detratores sociais, magoados e ressentidos, tenham ou não razão em suas queixas (mas este é um tema para outro artigo). Entretanto, a estratégia de identificar líderes em engajamento e satisfação, empregada desde sempre para colocá-los em papel de destaque e municiá-los com informações para torná-los “cascateadores” internos dos valores da empresa, ganhou força exponencial com as redes sociais. Com a iniciativa Colaboradores Comunicadores, da Usiminas, a área de comunicação corporativa se alia a líderes informais que influenciam positivamente colegas de trabalho para abordar ações corporativas, novidades e temas sensíveis (veja aqui). A Dasa mantém um time de 220 influenciadores internos e programa semelhante funciona na PepsiCo Brasil desde 2019.
A questão é que agora esse movimento está saindo dos limites da empresa e tais influenciadores estão ajudando a compor a reputação das marcas. A Vivo, por exemplo, mantém desde 2020 o programa de colaboradores influenciadores Vivo Creators, voltado a potencializar a comunicação interna com apoio de funcionários com este perfil, que hoje reúne um grupo de 30 “criadores internos”. Este ano o programa iniciou nova etapa e os colaboradores passaram a atuar também como influenciadores externos, ajudando a propagar mensagens da empresa em seus próprios perfis nas redes sociais Instagram e Linkedin, sempre sob a ótica de quem trabalha na Vivo.
Influenciadores internos ajudando a compor a reputação das marcas
O processo seletivo interno para a escolha dos Vivo Creators Externos avaliou os perfis das redes sociais dos candidatos e critérios pessoais como comunicação, curiosidade e criatividade, com dez selecionados entre 169 inscritos. A ideia foi reconhecer pessoas naturalmente influenciadoras e ampliar vozes diversas, em perfis e regiões de atuação e segundo critérios como gênero, raça e orientação sexual, trazendo o olhar de cada um para o tema proposto pela área de Comunicação Corporativa.
O processo seletivo interno para a escolha dos Vivo Creators Externos avaliou os perfis das redes sociais dos candidatos e critérios pessoais como comunicação, curiosidade e criatividade, com dez selecionados entre 169 inscritos. A ideia foi reconhecer pessoas naturalmente influenciadoras e ampliar vozes diversas, em perfis e regiões de atuação e segundo critérios como gênero, raça e orientação sexual, trazendo o olhar de cada um para o tema proposto pela área de Comunicação Corporativa.
Como na relação com influenciadores em geral, o time da casa se compromete com número mínimo de postagens. Em troca, participam de cursos e experiências, como ingressos para a área vip do festival Lollapalooza e acesso a trios elétricos durante a parada do LGBTI+ de São Paulo, entre outros. Segue o testemunho da Paula Prado intitulado – O que aprendi sendo Vivo Creator. Leia aqui
A Vivo não está só. A Nestlé lançou estratégia de influenciadores internos em 2020 e o colaborador que faz parte do time de influenciadores passa por capacitação em criação de conteúdo, com temas como marketing de influência, além de aprender a trabalhar em parceria com diferentes marcas e profissionais para divulgar iniciativas da companhia, lançamentos e investimentos – com liberdade, sem interferência na forma como vão se posicionar em suas próprias redes ou perfis. Outro exemplo é a COOP que também lançou o programa, conforme explica Camila Bolivar para o Blog Cooperativa Inovadora
“Embora ainda estejamos aprimorando a fase piloto, em cinco meses, já colhemos alguns resultados positivos com os desafios propostos, que foram trabalhar o employer branding de dentro para fora, garantir uma comunicação transparente e objetiva para todos, trazer representatividade para a comunicação, gerar atratividade para conteúdos a serem comunicados e estabelecer uma rede de engajamento”, explica a responsável pela mentoria do projeto, Camila Bolivar.
O movimento mostra a união de duas tendências basilares para a reputação – o engajamento do público interno em busca de seu “encantamento” e a economia do conteúdo, protagonizada pelos influenciadores (ou creators). Ambas são capazes de impactar a reputação de companhias, marcas e produtos e, somadas (e com os devidos cuidados, lógico), potencializam o alcance de mensagens poderosas em linguagem espontânea, natural e favorável. Devemos ver cada vez mais exemplos como esses.
Mestre em Comunicação pela UNIP, pós-graduada em Marketing pela ESPM e Flórida International University, com mais de 25 anos de experiência no mercado atuando, principalmente, nas áreas de Planejamento, Marketing e Comunicação em diversos perfis de empresas. Professora e Palestrante para cursos de graduação e pós-graduação. É coautora do Livro: Um Profissional para 2020 – Editora B4.