Há anos e anos circula a teoria segundo a qual a mídia escolhida para campanhas afeta a reputação da empresa.
Na “matriz”, lá em cima, diz-se, por exemplo, que veicular anúncios no The Economist é mais importante que veicular no Newsweek.
Será?
Provavelmente uma porcentagem bem alta dos leitores de uma também lê a outra. Ou, ainda que não sejam exatamente os mesmos leitores, a análise dos dados de leitura das duas revistas mostrará perfis muito semelhantes,
Prefiro acreditar, nesse caso, que é mais uma questão de retórica.
Se a empresa tem algo “sério” a falar com o mercado —lançamento de ações na Bolsa, processo de fusão, divulgação de dados econômicos— provavelmente haverá mais adequação na The Economist. Anúncios de um novo software, um produto de moda, o lançamento de um modelo de automóvel, enfim, um produto ou serviço de dia a dia daquele mesmo público, estará mais à vontade em Newskeeek.
Questão de imagem.
Respostas a duas antigas e clássicas perguntas tão familiares para os profissionais de marketing e valem para qualquer produto ou serviço, incluindo-se revistas como essas duas:
O que o produto faz por mim? Resultado do anúncio, desempenho, inquestionável contribuição para atingimento de metas.
O que o uso do produto fala a meu respeito? O que as outras pessoas pensarão de mim sabendo que uso esse produto. Imagem do usuário.
Imagem de marca é uma coisa.
Reputação, porém, é outra.
A boa reputação de uma empresa depende, sim, de produtos com imagem sólida, com bom e reconhecido desempenho, mas o zelo pela reputação vai adiante. Passa pelas atitudes institucionais da empresa, pela forma como se relaciona com cada um dos públicos com que interage direta ou indiretamente —fornecedores, funcionários, revendedores, mercado financeiro, concorrentes, diferentes formadores de opinião. Não usa apenas por usar as novas e poderosas ferramentas que a tecnologia da informação não para de desenvolver. Empresa com boa reputação tem funcionários convencidos de que trabalham numa empresa sólida, responsável, invejada pelo mercado; empresa que muito antes de a sigla ESG ter virado a bola da vez, já se mostrava responsável pelo que hoje pregam os sacerdotes dessa nova religião corporativa.
E por aí vai.
A nossa Percepta gosta de falar sobre reputação de empresas. Soma de muitas experiências de seus consultores, evita em seus diagnósticos a pirotecnia que talvez provoquem um oh! à primeira vista, mas dificilmente se mantêm de pé.
Vamos conversar?
Jornalista e Publicitário, sócio da Percepta, teve a felicidade de trabalhar em agências que tinham em comum a crença de que a frase “ A Propaganda é a Alma do Negócio” estava longe de ser uma verdade definitiva. Foi sócio da Lage, Stabel & Guerreiro BBDO. Foi ainda Vice-Presidente da Norton Publicidade, Sócio Fundador da Grey Direct no Brasil, Sócio Diretor da B-to-B Marketing Communication.